Olimpíada Nacional do Judiciário Federal cria comitê paralímpico

23/6/2025 – A Olimpíada Nacional do Judiciário Federal (ONJF) dá um passo histórico rumo à inclusão. A partir desta 22ª edição, o evento contará com um Comitê Paralímpico, criado para fortalecer a participação de pessoas com deficiência nas competições.

O comitê será presidido por Ricardo Oliveira da Silva, do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (PB) e terá como integrantes José Carlos Xavier de Oliveira, do TRT da 3ª Região (MG) e Ekaterini Sofoulis, do Tribunal Superior do Trabalho. Três servidores que, além de atuarem profissionalmente no Judiciário, também conhecem de perto os desafios da inclusão no esporte.

Novas provas e prazo especial para inscrições

Além da criação do comitê, duas novas provas de atletismo serão incorporadas ao calendário da ONJF de 2025: os 100m e 200m rasos, exclusivos para atletas com deficiência física. Para 2026, a inclusão de outras modalidades será analisada.

As delegações interessadas poderão inscrever atletas nessas provas e também solicitar nova filiação de pessoas com deficiência, excepcionalmente até o dia 27 de junho. Esse prazo foi reaberto apenas para essa finalidade, já que as inscrições para os demais atletas estão encerradas.

“Essa é uma oportunidade para que as delegações promovam, de forma concreta, a inclusão no esporte. Ao incentivar a participação de atletas com deficiência física, elas ampliam a representatividade e fortalecem suas equipes. Após a inscrição na prova, o Comitê Paralímpico será responsável por analisar e validar a condição de deficiência dos atletas”, destacou Ricardo Oliveira da Silva, presidente do comitê.

Histórias que inspiram: Ekaterini na construção da nova ONJF

A criação do Comitê Paralímpico e a ampliação das oportunidades na Olimpíada Nacional já refletem a luta de Ekaterini Sofoulis, servidora do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que fará sua estreia como atleta na ONJF deste ano.

Assessora de Acessibilidade e Inclusão no TST, ela promove palestras de acessibilidade e inclusão em diversos órgãos públicos, e treina há três anos para competir em provas de corrida — sonho que já se tornou realidade em eventos menores e que agora se concretizará em grande estilo: com sua estreia na Olimpíada Nacional do Judiciário Federal (ONJF), que acontecerá entre 20 e 26 de setembro em Foz do Iguaçu.

Uruguaia de nascimento, Ekaterini chegou ao Brasil ainda criança, país onde construiu sua vida. A deficiência física veio após um acidente de carro, quando ela tinha apenas 11 meses de idade. Desde então, foram muitos os desafios, adaptações e, sobretudo, uma mentalidade voltada para a inclusão — caminho que ela encontrou, primeiramente, por meio da educação.

Foi assim que, com apenas 21 anos, ela foi aprovada em concurso público para o TST e é uma das primeiras gestoras com deficiência a criar a área de acessibilidade e inclusão no Judiciário, o que a tornou uma referência na temática em todo o país. Mas foi apenas há pouco tempo que Ekaterini decidiu se desafiar ainda mais, enxergando no esporte uma nova fonte de qualidade de vida.

“O esporte não era a minha pegada. Ele é um instrumento de inclusão, mas eu ainda não usava dessa forma. O meu caminho sempre foi direcionado à educação, ao trabalho. Tenho lesão medular, então o cuidado com a saúde ficou cada vez mais necessário, pois, por estar sempre sentada, sofro com perda óssea. Passei, então, a participar do TST em Movimento como uma forma de sair da sala de trabalho — e isso tem me ajudado muito”, contou.

O TST em Movimento é um programa institucional que busca incentivar hábitos saudáveis e prevenir doenças relacionadas ao sedentarismo, utilizando o local de trabalho como espaço para ações de promoção à saúde. Entre suas atividades, destacam-se: sessões de ginástica laboral, avaliações de composição corporal, orientações sobre ergonomia, além de campanhas de conscientização sobre saúde física e mental.

Atualmente, Ekaterini é acompanhada uma vez por semana pelo coordenador do programa, o servidor e educador físico João Luis Sadat. “Logo depois da pandemia, a Ekaterini nos procurou porque queria melhorar o condicionamento respiratório e o fortalecimento muscular. Ela já fazia fisioterapia conosco, então iniciamos com uma sessão semanal de treinos nas pistas, além das sessões de fisioterapia e outras orientações que integram a rotina dela. A ideia de participar de provas de corrida surgiu a partir desses treinos, quando ela percebeu que podia ir além e experimentar novos desafios físicos”, explica Sadat.

Com a nova atividade, participar da ONJF passou a ser uma possibilidade para ela, que via o evento como ‘inalcançável’. “Eu sempre ouvi falar da olimpíada, mas achava que não era para o meu nível, que só os melhores participavam. Até que desejei viver essa experiência e vi no evento uma oportunidade de fazer parte de um momento tão significativo e, principalmente, buscar junto à organização alternativas e refletir sobre possibilidades de ampliar a participação de servidores com deficiência. Assim, buscarei cumprir um dos meus propósitos de vida, que é ser instrumento de inclusão — ao fazer com que eu e outras pessoas com deficiência estejamos presentes nesses espaços. O que realmente importa para mim é ocupar esse espaço, abrir caminhos e mostrar que nossa presença faz a diferença.”, conclui.

(Com informações da Anastra)