Na semana em que se comemora o Dia da Pessoa Idosa (1º de outubro), o programa Lounge TRT conversou com o geriatra Denis Milanello sobre como cuidar da saúde e manter a qualidade de vida nessa fase. O especialista explica a importância de hábitos preventivos, exercícios físicos e alimentação adequada, mostrando que é possível envelhecer com autonomia, leveza e bem-estar.
Assista aqui a entrevista na íntegra
Confira alguns pontos de destaque da entrevista:
Muitas pessoas só começam a pensar na saúde quando já estão com idade avançada. Como mudar isso? O envelhecimento começa cedo?
Hoje temos um aumento acelerado da proporção de idosos na sociedade brasileira, principalmente na faixa acima dos 80 anos. Por isso, não dá para esperar chegar aos 60 ou 70 anos para começar a cuidar da saúde. O envelhecimento é um processo contínuo que começa cedo, desde os 30 ou 40 anos, quando já é possível adotar medidas que terão impacto direto na qualidade de vida futura.
Na consulta geriátrica, por exemplo, não olhamos apenas para doenças. Fazemos uma abordagem multidimensional: investigamos histórico clínico, mas também a funcionalidade, cognição, risco de quedas, alimentação, carteira de vacinação e aspectos emocionais.
Existe uma idade certa para procurar o geriatra?
Não há uma idade única, formalmente definida, para procurar o geriatra. O que sempre reforço é que qualquer pessoa que deseja envelhecer de forma ativa, preservando saúde física e mental, já pode se beneficiar da geriatria.
A partir dos 40 anos, muitas recomendações já podem ser colocadas em prática, como ajustes no estilo de vida, exames preventivos e acompanhamento de fatores de risco. No Brasil, a legislação considera idoso quem tem mais de 60 anos, mas a preparação para essa fase deve começar muito antes.
O que mudou na forma como as pessoas envelhecem nos últimos anos?
Nas últimas décadas, houve uma mudança importante na consciência da população. Hoje, fala-se muito mais em qualidade de vida, em alimentação equilibrada, em sono adequado, em controle do estresse e em prática regular de exercício. Essa mentalidade, que não era tão presente antigamente, ajuda a transformar a forma como as pessoas chegam à terceira idade.
A tecnologia tem influenciado no processo de envelhecimento?
A tecnologia é, sem dúvida, uma das grandes responsáveis pelo aumento da expectativa de vida. Temos avanços significativos na medicina, como cirurgias minimamente invasivas e robóticas, novos medicamentos, vacinas mais eficazes e equipamentos capazes de detectar doenças precocemente.
A tecnologia ampliou o acesso à informação, o que dá mais autonomia às pessoas para cuidar da saúde. Por outro lado, há desafios: idosos que passam horas em redes sociais, expostos a fake news ou golpes. Isso exige orientação da família e dos profissionais de saúde para que a tecnologia seja usada como aliada, e não como risco.
Estamos vivendo mais, mas estamos vivendo bem?
Sim, de modo geral estamos vivendo melhor. Hoje, as pessoas têm mais consciência da importância do exercício físico, da alimentação balanceada, da prevenção e dos exames periódicos.
O conceito de envelhecimento ativo resume bem isso. Ele não significa apenas continuar realizando atividades, mas preservar a independência física e a autonomia de decidir, opinar, planejar e participar da sociedade.
Quais medidas são mais importantes para preservar a qualidade de vida na velhice?
Duas medidas são fundamentais, a primeira é a prática de exercícios resistidos, como musculação. Esse tipo de atividade minimiza a perda de massa e força muscular, melhora o equilíbrio e até estimula a formação óssea, reduzindo o risco de osteoporose.
A segunda medida é uma alimentação rica em proteínas. Carnes, ovos, leite, derivados e grãos como feijão, lentilha e grão-de-bico devem estar presentes em todas as refeições. A proteína é essencial para preservar a massa muscular.
Muitos têm medo da velhice. Ela pode ser vivida com qualidade?
Sem dúvida. A velhice pode ser um período de plenitude, desde que haja planejamento. Isso envolve tanto os cuidados físicos e emocionais desde cedo quanto a preparação para a aposentadoria.
Um dos maiores desafios que vejo é o vazio após a aposentadoria. Muitas pessoas contam os dias para parar de trabalhar, mas, quando chega esse momento, sentem-se sem propósito. Por isso, é essencial criar novos objetivos: viajar, conviver com a família, cuidar dos netos, dedicar-se a hobbies, dançar, estudar, aprender algo novo.
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