“Seu pai morreu”. Era o que a mãe dizia aos filhos durante toda a infância. Na adolescência, o casal de irmãos descobriu que o pai não estava morto e começaram uma busca para encontrá-lo. Foi assim que eles chegaram à Justiça do Trabalho em Mato Grosso, onde tiveram informações sobre um processo movido pelo genitor.
A ação tramitou na Vara do Trabalho de São Félix do Araguaia. Quando a unidade foi extinta os processos foram transferidos para a Vara de Água Boa. Contudo, esse processo em especial já se encontrava arquivado no Tribunal. Os servidores do Arquivo do TRT/MT que atenderam a ligação dos irmãos confirmaram a existência da ação e se surpreenderam não só pela história como pela atitude dos adolescentes.
O fato ocorreu em 2019. Os jovens solicitaram aos servidores que enviassem, se fosse possível, a imagem do pai na Carteira de Trabalho registrada na ação. O pedido foi atendido. A imagem foi digitalizada e enviada, porém, isso não foi suficiente para acalmar a ânsia dos irmãos, que se deslocaram do interior do estado para Cuiabá alguns dias depois.
Ávidos pelo processo, os irmãos foram até o Arquivo Geral. No local, puderam ver cada uma das páginas de papel da ação. Aos poucos, a ansiedade deu vazão à emoção. Os jovens choravam abraçados e afagavam com a ponta dos dedos a fotografia do pai. Um pequeno retrato, com significado enorme para os dois jovens, já que o pai havia falecido algum tempo antes da ‘descoberta’ dos filhos.
A história gerou comoção entre os servidores da unidade, dada toda a carga de sentimentos que o processo está envolto. Com este cenário, o processo passou a fazer parte do acervo permanente do Arquivo Geral do TRT mato-grossense e hoje serve como testemunha das relações humanas que passam pelo universo dos processos trabalhistas.
(Fabyola Coutinho)